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Melatonina para bebés e crianças dormirem mais e melhor: sim ou não?

São muitos os pais preocupados porque “a minha filha demora horas a adormecer” ou porque “o meu bebé acorda imensas vezes durante a noite” e que consideram usar a melatonina para melhorar o sono das suas crianças. Isto porque o pediatra receitou à sobrinha e o resultado foi fantástico ou porque uma amiga recomendou, com promessas milagreiras.

Antes de correrem para a farmácia de serviço, às 3 da manhã, convém SEMPRE que tomem decisões informadas, principalmente quando está em causa o bem-estar das nossas crias.

Prometo que não vos maço com demasiados pormenores fisiológicos mas há umas coisas que devem saber sobre a melatonina:

1. É uma substância produzida naturalmente pelo nosso organismo e, por isso, considera-se segura, porque não há o risco de overdose. Mas, ainda que seja natural, trata-se de uma hormona, com acção em várias partes do corpo.

2. A sua função mais conhecida consiste em regular o ciclo circadiano, ou seja, o famoso relógio biológico, que permite distinguir o dia da noite, num ciclo de 24 horas. Esta hormona “comunica” ao organismo que é hora de descansar e dormir. Em termos técnicos, é um cronobiótico natural (a minha formação em ciências farmacêuticas, por vezes é mais forte que eu e gosta de “chamar os bois pelos nomes”!).

3. Não há regulamentação quanto à dosagem mais adequada para cada idade da criança. Assim, não havendo certezas de que bastam “n” gotas para produzir o efeito pretendido num bebé de “x” meses, só deve ser administrada mediante aconselhamento médico (apesar de se vender como suplemento alimentar, não sujeito a receita médica. Porquê? Porque a dosagem do suplemento destina-se aos viajantes, com o intuito de minimizar os efeitos do jet lag, em viagens de longas distâncias).

4. A melatonina é muito eficaz em distúrbios do sono associados a patologias como autismo, hiperactividade e défice de atenção (mais uma vez, será sempre prescrita pelo médico). No entanto, quando a criança é saudável, a melatonina não costuma resolver o problema das noites difíceis, na grande maioria dos casos.

Em conclusão, numa criança sã, ter uma boa rotina de sono (é aqui que eu vos posso ajudar, de forma ainda mais natural, sem hormonas pelo meio) produz mais e melhores resultados que o uso da melatonina. Ela não substitui, de forma mágica, hábitos de sono saudáveis.

E agora os pais dizem: “Mesmo considerando toda essa informação, decidi administrar melatonina ao meu filho durante 3 dias, sabendo que a curto prazo a probabilidade de haver efeitos nefastos é mínima”.

Nestas circunstâncias, podem acontecer duas situações:

a) a melatonina não surte qualquer efeito, porque, no mais das vezes, o problema não está no relógio biológico da criança.

b) a criança passa a dormir melhor e a adormecer mais rapidamente mas, assim que suspende a melatonina, volta tudo à estaca “zero”. Aqui, pode criar-se uma dependência psicológica (não só do bebé mas também dos pais! Sim, é verdade.) e física da melatonina para dormir. Não é o que se pretende, certo? Até porque não há ainda estudos suficientes que provem categoricamente os efeitos do uso prolongado deste suplemento. E sabe-se que a melatonina está associada ao processo de maturação sexual. Portanto, na dúvida, evita-se.

A melatonina pode parecer a “pílula milagrosa” para os pais que chegam tarde a casa, cansados e a quem é desesperante demorar uma hora (ou mais) para adormecer o filho e/ou acordar inúmeras vezes durante a noite. Mas a melatonina apenas mascara o problema, não o resolve. A magia é só para o Harry Potter!

Saiba mais na Academia do Sono Infantil.


Fonte das imagens:
1- http://elizabethwellsphoto.com
2- http://www.bolsademulher.com/bebe/relogio-biologico-em-criancas-adolescentes-e-bebes
3- https://sleepsense.net